Desligou o telefone e sentou no sofá.
Era Rubens.
Chamou-a de Calíope, como nos velhos tempos. Estaria precisando de inspiração, o velho Rubens?
Ah, que saudade... Guardava na memória todos os bons momentos. Todos os encontros mágicos. O dia em que sentaram à escadaria da pracinha, tomaram vinho... Quanta emoção houve naquele dia. Todos os dias de café com chocolate branco, que ela amava... Ainda ama! O encontro à beira do lago, lago tão significativo para os dois. Como era bom relembrar todos os encontros fortuitos e os combinados. Esses últimos, ganhando lugar dos por acaso quando a paixão ficou mais avassaladora. Depois veio o tempo e, com ele, as obrigações cotidianas. Se afastaram. Os encontros, agora, se resumiam a reuniões de trabalho, sempre uma cobrança por outro texto e mais outro... Uma publicação atrás da outra, já que era assim que ganhavam (ou perdiam) a vida.
Quanto tempo o tempo tem? Perguntou-se a musa. Quanto tempo a memória conseguirá guardar tantas boas lembranças antes de nublar-se, roubando de si mesma momentos mágicos vividos ou sonhados...
Bem, voltou ao cotidiano, às tarefas corriqueiras... precisava voltar à edição de um texto para a revista. Rubens foi ficando, assim, como uma tela em segundo plano, como uma marca d'água quase imperceptível. Mas ainda estava lá.
Gosto da sua prosa. Parece sair fácil, sem nenhum traço da afetação e da pretensão da minha.
ResponderExcluirComo quem mal precisa se sentar para escrever. Como quem cuida de um afazer doméstico de rotina, tira um pó dos móveis, rega uma planta, e não como quem trava um duelo mortal com vírgulas ou tem que passar o cérebro num espremedor de batatas para ver o que ainda sai.
Gostei da marca d'água.
O segredo é ir escrevendo o que vem à cabeça e postar sem ler. Kkkkkkkkkkk
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