sábado, 11 de setembro de 2021

Homeopatia cotidiana n° 11

 Desligou o telefone e sentou no sofá.

 Era Rubens. 

Chamou-a de Calíope, como nos velhos tempos. Estaria precisando de inspiração, o velho Rubens?

Ah, que saudade... Guardava na memória todos os bons momentos. Todos os encontros mágicos. O dia em que sentaram à escadaria da pracinha, tomaram vinho... Quanta emoção houve naquele dia. Todos os dias de café com chocolate branco, que ela amava... Ainda ama! O encontro à beira do lago, lago tão significativo para os dois. Como era bom relembrar todos os encontros fortuitos e os combinados. Esses últimos, ganhando lugar dos por acaso quando a paixão ficou mais avassaladora. Depois veio o tempo e, com ele, as obrigações cotidianas. Se afastaram. Os encontros, agora, se resumiam a reuniões de trabalho, sempre uma cobrança por outro texto e mais outro... Uma publicação atrás da outra, já que era assim que ganhavam (ou perdiam) a vida.

Quanto tempo o tempo tem? Perguntou-se a musa. Quanto tempo a memória conseguirá guardar tantas boas lembranças antes de nublar-se, roubando de si mesma momentos mágicos vividos ou sonhados... 

Bem, voltou ao cotidiano, às tarefas corriqueiras... precisava voltar à edição de um texto para a revista. Rubens foi ficando, assim, como uma tela em segundo plano, como uma marca d'água quase imperceptível. Mas ainda estava lá.

2 comentários:

  1. Gosto da sua prosa. Parece sair fácil, sem nenhum traço da afetação e da pretensão da minha.
    Como quem mal precisa se sentar para escrever. Como quem cuida de um afazer doméstico de rotina, tira um pó dos móveis, rega uma planta, e não como quem trava um duelo mortal com vírgulas ou tem que passar o cérebro num espremedor de batatas para ver o que ainda sai.
    Gostei da marca d'água.

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  2. O segredo é ir escrevendo o que vem à cabeça e postar sem ler. Kkkkkkkkkkk

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