terça-feira, 27 de agosto de 2019

Pode ser numa canção, pode ser no coração...

FUTUROS AMANTES

(Chico Buarque)

Não se afobe, não, que nada é pra já
O amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante, milênios
Milênios, no ar
E quem sabe, então o Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão entarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não, que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
Não se afobe, não, que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Devaneios

Nunca entenderei os covardes.
Aqueles que se escondem,
Camuflam-se.
O jogo sujo do covarde
É fazer-se de inocente.
Eu quero é gritar minhas vontades,
Minhas verdades.
Quero também o contraponto.
Sou polifônica.
Tenho dentro de mim referências diversas.
Quero o contrassenso.
A falta de lógica.
O absurdo do caos.
Tenho a coragem em mim.
Herdei de outras mulheres.
Tenho pena dos covardes.


sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Epifania

Sou barco.
Anarco,
Defendo a não intervenção
Dos remos.
Sou barco.
Arco de história
Em um universo paralelo.
Sou barco.
Marco zero
De uma Constantinopla
Concebida no Sonhar.
Sou barco desgarrado.