Um café
Um café de coador
Um café de coador, duplo
Um café de coador, duplo, sem chocolate de qualquer cor
Um café de coador, duplo, sem chocolate de qualquer cor, acompanhado de água
Água com gás.
Devaneios de uma garota nonsense.
Descobrir segredos; desfazer esquemas; passear por todas as dimensões; transformar o difícil em fácil.
Um café de coador
Um café de coador, duplo
Um café de coador, duplo, sem chocolate de qualquer cor
Um café de coador, duplo, sem chocolate de qualquer cor, acompanhado de água
Água com gás.
Te vejo em setembro,
Quando os cachos amarelos
Das sibipirunas
E as flores dos ipês
(que somem sem despedida, como nós) colorem o chão.
Te vejo em setembro,
Quando os insetos
Estão prontos e aptos (diferente de mim) para acasalar.
(Quando as cigarras cantam, os besouros voam, as aleluia tilintam nos vidros das lâmpadas de luzes sintéticas).
Te vejo em setembro,
Quando o ar seco venta e levanta a terra poeirenta que, como os pés rachados das mulheres cansadas (como eu), clamam por água.
Te vejo em setembro,
Quando a chuva quase vem. Ameaça. Sente de vir. Mas não aparece . Ou quando vem, é no final, quando já perdemos as esperanças. (Como nosso café).
Te vejo em setembro,
Da janela do meu quarto. Do meu quarto do hospício. Do meu quarto,numa madrugada, quase ao raiar do dia. Imaginando a cidade, a cidade dos meus amores (o sonho é meu e eu sonho que...)
Te vejo em setembro,
No terraço do café
Onde deixei vários cafés pagos pra ti.
Te vejo em setembro,
Quando a metade já se foi,
Quando o fim se aproxima,
Quando a cabeça já branqueia,
Quando a memória se perde
E dança uma valsa
Com a imaginação.