domingo, 8 de novembro de 2020

Homeopatia cotidiana n°5

 Atravessamos ciclos lunares completos e cá estamos chegando ao final do ano mais inimaginável e loucamente louco que se tem notícia (eu não ando me importando muito em ter notícias, em me manter informada). Ando cada vez mais viajando por estradas de tijolos amarelos e conversando com gatos que somem e aparecem do nada. 

Esse ano me transformou em avó e mãe da mãe. Isso ainda é algo que estou digerindo. Estou vivendo em um mundo paralelo onde só o que me importa  são as memórias de outrora e o delicioso  laissez faire...

domingo, 26 de abril de 2020

Homeopatia cotidiana n°4

Andei por aqui. Mas estou tão farta de tudo que nem vontade de um "oi" me apareceu. Outro dia sim, de tarde, passei em frente à sua sacada e dei muitas buzinadas. Estava mais alegrinha. Ou eram  os efeitos dos narcóticos. De qualquer maneira você não apareceu. E eu segui. E sigo. Meu tapete voador há tempos perdeu o poder. A biblioteca dos sonhos está se desfazendo e eu nunca escrevi um livro que estivesse lá. Como Alexandria, perderei a oportunidade. 

domingo, 15 de março de 2020

Homeopatia cotidiana n°3

- Rubens, puta merda! O que houve pra deixar de mandar os contos semanais?- perguntou Selene, quase berrando ao telefone.
- Não enche, Selene! Sabe que não estou em uma boa fase. Republique os mais antigos. Os novos leitores nem saberão. Os velhos  se desinteressaram faz tempo.
- Tá bom. Vou garimpar alguns do começo, de quando escrevia novidades sobre nós. Agora nada mais é novo. Somos dois velhos tentando sobreviver das palavras.
- Apenas avise quando fizer o depósito. Não esqueça que está me devendo o da semana passada.
Selene desliga o telefone sem se despedir.  Inicia seu trabalho de escarafunchar o passado e uma frase lhe martela o cérebro: " Encontrar é começar a perder."
Lá fora a tardezinha cai e escurece o dia. Aqui dentro também.