segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sobre transformações:


"Quem é você?", disse a Lagarta.

Alice respondeu um pouco tímida: "Eu... eu... no momento não sei, minha senhora... pelo menos sei quem eu era quando me levantei hoje de manhã, mas acho que devo ter mudado várias vezes desde então".

"O que você quer dizer?", disse a Lagarta ríspida. "Explique-se!"

"Acho que infelizmente não posso me explicar, minha senhora, porque já não sou eu, entende?"

"Não entendo".

"Receio não poder me expressar mais claramente", respondeu Alice muito polida, "pois, para começo de conversa, não entendo a mim mesma. Ter muitos tamanhos num mesmo dia é muito confuso."

"Não é", disse a Lagarta.

"Bem, talvez ainda não pense assim. Mas quando se transformar numa crisálida - o que vai acontecer um dia, sabe - e depois disso numa borboleta, acho que vai se sentir um pouco esquisita, não acha?"

"Nem um pouco".

"Bem, talvez seus sentimentos sejam diferentes. O que sei é que eu iria me sentir esquisita."

"Você!", disse a Lagarta com desdém. "Quem é você?"

Um comentário:

  1. O Gato apenas sorriu ao ver Alice. Parecia afável, pensou ela: mas como tinha garras muito longas e tantos dentes, sentiu que deveria tratá-lo com respeito.
    “Gatinho de Cheshire”, começou, muito
    timidamente, por não saber se ele gostaria desse tratamento: ele, porém, apenas alargou um pouco mais o sorriso. “Ótimo, até aqui está contente”,
    pensou Alice. E prosseguiu: “Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?”
    “Depende muito de onde você quer chegar”, disse o Gato.
    “Não me importa muito onde...” foi dizendo Alice.
    “Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá”, disse o Gato.
    “...desde que eu chegue a algum lugar”, acrescentou Alice, explicando.
    “Oh, esteja certa de que isso ocorrerá”, falou o Gato,“desde que você caminhe o bastante.”
    Alice percebeu que era impossível negar isso; então arriscou outra pergunta: “Que tipo de gente vive por aqui?”
    “Naquela direção”, disse o Gato, ondulando sua pata direita,“mora um Chapeleiro; naquela outra”, agitando a outra pata, “mora uma Lebre de Março. Visite ou um ou outro: ambos são
    loucos.”
    “Mas eu não quero me encontrar com gente louca”,
    observou Alice.
    “Oh, não se pode evitar”, disse o Gato, “todos são loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca.”
    “Como sabe que eu sou louca?” indagou Alice.
    “Você deve ser”, respondeu o Gato, “ou então não teria vindo aqui.”
    “Eu gostaria muito que você não ficasse aparecendo e desaparecendo tão
    repentinamente. Você deixa qualquer um tonto!”, disse Alice.
    “Tudo bem”, disse o Gato.

    “E, desta vez, ele foi desaparecendo bem devagar...”

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