domingo, 10 de dezembro de 2023

Arrivederci

 Te vejo em setembro,

Quando os cachos amarelos

Das sibipirunas

E as flores dos ipês

(que somem sem despedida, como nós) colorem o chão. 

Te vejo em setembro,

Quando os insetos

Estão prontos e aptos (diferente de mim) para acasalar. 

(Quando as cigarras cantam, os besouros voam, as aleluia tilintam  nos vidros  das lâmpadas  de luzes sintéticas).

Te vejo em setembro,

Quando o ar seco venta e levanta a terra poeirenta que, como os pés rachados das mulheres cansadas (como eu), clamam por água. 

Te vejo em setembro, 

Quando a chuva quase vem. Ameaça. Sente de vir. Mas não aparece . Ou quando vem, é no final, quando já perdemos as esperanças. (Como nosso café).  

Te vejo em setembro,

Da janela do meu quarto. Do meu quarto do hospício. Do meu quarto,numa madrugada, quase ao raiar do dia. Imaginando a cidade, a cidade dos meus amores (o sonho é meu e eu sonho que...)

Te vejo em setembro, 

No terraço do café 

Onde deixei vários cafés pagos pra ti. 

Te vejo em setembro,

Quando a metade já se foi, 

Quando o fim se aproxima,

Quando a cabeça já branqueia,

Quando a memória se perde

E dança uma valsa 

Com a imaginação. 





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